Passei 1 mês lendo pelo Kindle e este foi o resultado.

bela
5 min readMay 23, 2024

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Não achei que isso aconteceria, mas depois de um longo hiato, cá estou eu de novo, escrevendo para vocês.

Acho que posso dizer “vocês”, no plural, pois em minha ausência conquistei uma pequena audiência. São essas poucas visualizações nos meus textos que me motivam a escrever aqui mais uma vez, então obrigada, pessoal.

No meu último texto, comentei sobre a nova rotina e como ela me afastava da minha jornada de “redenção criativa”.

As coisas não mudaram. Continuo no meu cabo de guerra diário entre o que preciso e quero fazer. Entre ser produtiva e ser criativa. Ser adaptável e impor limites.

O mercado de trabalho é cruel e o capitalismo mais ainda.

Tenho para mim que o cabo de guerra será eterno, mas ainda é melhor que a derrota. Continuar lutando é sinal de que a chama dentro de mim ainda vive.

É sinal que eu ainda vivo.

E não, este não será um texto de lamentações sobre como a vida é injusta e como eu gostaria que meus dias fossem apenas para ler, desenhar e brincar com minhas gatas.

Não, não, não.

Este texto é sobre eu ter comprado um Kindle!

Photo by Alessia C_Jpg on Unsplash

Lá na minha primeira publicação, listei minhas metas para 2024 e ler mais era uma delas.

Encho o peito de orgulho para dizer que estamos quase na metade do ano e eu sigo firme com meus objetivos — tenho desenhado, me divertido, evitado redes sociais e jogado RPG quase toda semana.

Mas hoje quero falar sobre a leitura.

Esse hábito louvável e tão pouco presente em nosso país. Esse hábito que é essencial para alguém que trabalha com a escrita.

Quando eu era adolescente, passava cerca de 70% do meu tempo lendo.

Lia durante as aulas, em restaurantes, em casa enquanto minha mãe fazia o jantar.

E por falar em mãe, foi dela que herdei o hábito. Desde que me entendo por gente, Isabel se empenhava em dar o exemplo e fazer de mim uma grande leitora.

Costumávamos nos deitar juntas após o jantar, cada uma com seu livro e ficávamos assim até tarde da noite.

Chegava a ler 10 livros por ano, desde Percy Jackson a livros mais perturbadores de Stephen King.

Mas quando entrei na faculdade, o hábito morreu, substituído pela leitura de artigos intermináveis, entediantes e extremamente necessários para minha formação acadêmica.

O problema é que uma vez morto, não consegui reviver o hábito nem com necromancia braba.

Li alguns livros nesse meio tempo, claro, aqueles que realmente me despertaram a vontade de ler até me perder nas palavras; esquecer de onde estamos, quem somos, para onde vamos.

Foram eles — e fica aqui a recomendação:

  • A trilogia O Povo do Ar
  • Gideon, A Nona, da saga Túmulo Trancafiado
  • Os Sete Maridos de Evelyn Hugo (esse sofri bastante para terminar, mas estava de mudança e precisava devolver o livro antes de ir embora)

Mas ficou por aí. Os livros acabavam e, com eles, minha vontade de ler.

Esse ano, decidi fazer diferente.

Tive contato com dois livros incríveis, que me puxaram de volta para os eixos. Carmilla e Drácula — o último ainda a ser terminado.

Eu amo vampiros, você já deve saber. Adoro ler qualquer coisa sobre eles. Me apaixonei por essas histórias que contam tantos detalhes sobre essas criaturas, ainda mais se tratando das mais famosas de sua espécie.

E graças às duas maiores obras vampirescas, senti aquela vontade novamente.

Pensei em tantas histórias que gostaria de ler. Tantas aventuras que poderia viver.

E daí, fui tentando:

  • Tentei ler no tablet — era muito pesado e minha tendinite atacava.
  • Peguei livros emprestados — não podia trazê-los pro trabalho por medo de estragar a capa.
  • Entrei em um clube do livro — é difícil conciliar os gostos literários de mais de 5 pessoas.

Nada fazia o hábito realmente engatar e só a vontade não era suficiente.

E por fim, resolvi meu problema da melhor (?) forma possível: cedi ao impulso e comprei um Kindle.

Usado. Com alguns arranhões. Mas era meu Kindle.

Estou com ele há 29 dias. O resultado?

  • Bati meu recorde de leitura: 29 dias consecutivos
  • Enquanto li 2 livros em 2023, já finalizei 4 nos últimos 29 dias
  • Minhas redes sociais só tem indicações literárias (socorro)

Levo para o trabalho, leio no ônibus, na hora do almoço e depois até cair no sono.

Até superei meu luto literário, acreditam?

Antes eu precisava esperar alguns dias entre um livro e outro para assimilar a história antes de engatar em uma nova.

Agora, me dê algumas horas e estou pronta pra outra!

Às vezes até sinto uma pontada de ciúmes no coração do meu namorado; antes a gente passava nossas noites jogando Baldur’s Gate 3 juntos e agora ele é facilmente trocado por um dispositivo 10x15cm.

Tenho uma lista interminável de livros para ler.

Estou viciada em baixar epubs (nunca de livros nacionais).

Até assinei o Kindle Unlimited (que é, na verdade, bem limitado e sim, eu fui burra demais para ler as letras miúdas antes de assinar).

Estava com tanto medo de investir em mais um dispositivo e não usá-lo que estou surpresa por ver o contrário acontecer.

Claro, falo de um grande privilégio aqui, de poder gastar com um luxo, para sustentar um hábito que não é necessariamente essencial.

E isso me faz pensar sobre todos leitores pelo Brasil afora que não têm o mesmo privilégio.

Que se viram com muito menos, sem encontrar tantos impedimentos como aconteceu comigo.

Sobre o mercado editorial cada vez mais manco, cada vez mais caro e cada vez mais elitizado.

Sobre e-books que antes custavam R$5 e hoje não saem por menos de R$25.

Eu disse e repito — esse não é um texto sobre o capitalismo e suas injustiças. Mas vale a reflexão, ainda assim.

O que a gente pode fazer pra mudar isso, além de comprar e ler livros?

Se você quer ler mais e pode abrir mão de uma graninha, compre um Kindle.

Compre usado mesmo. Vai te economizar uma grana, vai ajudar alguém que comprou e não usa, vai ser mais sustentável.

É só um Kindle, não precisa ser o top de linha, brilhando de novo. Mesmo com alguns risquinhos, ele será seu melhor companheiro, estará sempre ao seu lado, compacto, leve e confortável de segurar.

E se você não pode abrir mão do dinheiro, continue tentando. A rotina atropela nossos sonhos às vezes, mas a gente precisa continuar vivendo, criando e aproveitando, mesmo as pequenas coisas.

Se você curtiu esse texto, prometo que terão mais.

Obrigada por ter lido até aqui.

Nos vemos em breve!

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bela

Uma nerdola incorrigível, inpirada por fantasia medival e vampiros. Gosto de desenhar, escrever e jogar.🍄